Nós nunca realmente aceitamos o tédio como um estado consciente. Assim que ele vem à mente, começamos a procurar algo interessante ou prazeroso. Mas, na meditação, permitimos que o tédio se instale. Permitimos a nós mesmos estar total e conscientemente entediados, totalmente deprimidos, de saco cheio, enciumados, irritados, enojados. Começamos a aceitar na consciência todas as experiências desagradáveis da vida, que antes reprimíamos, nunca de fato olhávamos, nunca aceitávamos — essas experiências não são vistas mais como problemas, mas de forma compassiva. A partir da bondade e da sabedoria, permitimos que as coisas tomem seu curso natural até a cessação, em vez de mantê-las girando nos antigos ciclos do hábito. Se não conseguimos deixar com que as coisas tomem seu curso natural, então estamos o tempo todo controlando, sempre pegos em algum hábito mental inconveniente. Quando estamos entediados e deprimidos, somos incapazes de apreciar a beleza das coisas, pois não conseguimos enxergá-las tais quais elas realmente são.
Ajahn Sumedho, em Now Is the Knowing
Foto: Nguyen Thu Hoai