Peter D. Santina: a ânsia pela satisfação

Buda ensinou que o apego ou desejo (Trishna ou Raga) é uma grande causa de sofrimento – ânsia por experiências prazerosas, coisas materiais, vida eterna e morte eterna. Todos gostamos de boa comida, boa música, companhia agradável. Gostamos dessas coisas e queremos mais. Tentamos prolongar essas experiências prazerosas. Tentamos conseguir mais desses prazeres. E, de alguma forma, nunca estamos completamente satisfeitos. Podemos descobrir que gostamos de um certo tipo de comida e ao comermos várias e várias vezes, ela acaba perdendo a graça. Tentamos outro tipo de comida. Nós gostamos, aproveitamos e de novo nos desinteressamos. Continuamos procurando por outra coisa. Cansamos da nossa música favorita, dos nossos amigos. Procuramos por mais e mais. Algumas vezes essa busca por experiências prazerosas leva para comportamentos extremamente negativos, como alcoolismo e vício em drogas. Tudo isso vem da ânsia por satisfazer nossos desejos por experiências prazerosas. Dizem que tentar satisfazer o desejo por experiências prazerosas é como tentar matar a sede bebendo água salgada.

Peter D. Santina: Fundamentals of Buddhism

Foto: Frank Mckenna

Peter D. Santina: impermanência e sofrimento

Na nossa ignorância da natureza real das coisas, desejamos e nos apegamos a objetos na esperança desesperada de que eles possam ser permanentes, de que eles possam garantir felicidade permanente. Sem entender que a juventude, a saúde e mesmo a vida são impermanentes, nos apegamos e nos amarramos a elas. Quando buscamos prolongar a nossa juventude e a nossa vida elas escapam entre nossos dedos como areia, já que são impermanentes por natureza. Quando isso acontece, a impermanência é uma ocasião para o sofrimento.

Peter D. Santina: Fundamentals of Buddhism

Foto: Hassan Ouajbir

Ajahn Sumedho: As coisas são como são

Não precisamos criar problemas – tanto sobre estarmos em uma estação suja de metrô ou sobre estarmos olhando para uma bela paisagem. As coisas são como são, então podemos reconhecê-las e apreciá-las na sua forma impermanente, sem anseios. Anseio significa querer manter algo de que gostamos; querer se livrar de algo de que não gostamos; ou querer conseguir algo que não temos.

Ajahn Sumedho — The Four Noble Truths

Foto: Adi Goldstein

Ajahn Sumedho: O laço do sofrimento

Se você quiser matar alguém, você tem que transformá-los; você não pode matar alguém percebendo que ele sofre como você. Você precisa pensar que eles são frios, imorais, sem valor e maus, e que é melhor se livrar deles. Você precisa pensar que eles são maldosos e que é melhor se livrar deles. Você tem que pensar que eles são maldosos e que é bom se livrar do mal. Com esta atitude, você pode achar justificado bombardear ou metralhar essas pessoas. Mas, se você tiver em mente o nosso laço comum de sofrimento, isso tornará você incapaz de fazer essas coisas.

Ajahn Sumedho – The Four Noble Truths

Foto: Boris Smokrovic

Brad Warner: O Zen é Entediante

Se você olhar atentamente para sua vida comum e tediosa, você descobrirá algo realmente maravilhoso. As nossas vidas genéricas e sem sentido são incrivelmente alegres — incrível, espantosa, incansável e impiedosamente alegres. E você não precisa fazer coisa alguma para experimentar essa alegria. As pessoas acham que precisam de grandes experiências, experiências interessantes. É verdade que experiências gigantescas e traumáticas às vezes trazem para as pessoas, por um momento fugidio, a uma forma de de estado iluminado. Por isso essas experiências são tão desejadas. Mas seu efeito passa e você está volta a buscar a próxima excitação. Você não precisa usar drogas, explodir edifícios, ganhar as 500 milhas de Indianápolis ou andar sobre a lua. Você não precisa voar de asa-delta sobre o Himalaia, não precisa transar com sua secretária ousada e atirada ou festejar a noite toda com pessoas bonitas. Você não precisa de visões em que se funde com a totalidade do Universo. Apenas seja o que você for, esteja onde você está. Limpe o banheiro. Passeie com o cachorro. Faça seu trabalho. Essa é a coisa mais mágica que existe.

Brad Warner — Zen is boring

Foto: Towfiqu Barbhuiya