
Conforme meus pais iam envelhecendo, eu me percebia temendo o dia em que eles morreriam. Eu não sabia como as pessoas faziam para lidar com esse tipo de perda; então eu me preocupava com o momento futuro em que eles morreriam. Entretanto, dei-me conta de que talvez eu empregasse meu tempo de forma mais útil aproveitando a nossa relação enquanto eles ainda estavam vivos, em vez de pensar o tempo todo no momento da nossa inevitável separação. Assim, acabei passando um tempo proveitoso com eles. Fiz questão de falar para eles coisas que eu julgava importantes, pois eu sabia que haveria um dia em que eu não poderia falar as mesmas coisas da mesma maneira. É claro, no dia em que o momento da sua morte chegou, eu experimentei muita dor. Ainda fico triste às vezes quando penso neles, e às vezes gostaria que eles ainda estivessem aqui – mas eles estavam ficando cada vez mais velhos e era a hora certa para que eles partissem. Eu não me incomodei com a dor; não sofri com ela. Havia apenas dor, e percebi que a dor era a consequência inevitável de amar alguém. É quase como, ao amar alguém, houvesse uma etiqueta com o preço presa a isso. Mas foi um preço que eu paguei de bom grado. Não era muito.
Ajahn Candasiri, em Simple Kindness
Foto: Priscilla Du Preez