Ajahn Sumedho: anatta

O nascimento significa envelhecimento, doença e morte, mas isso tem a ver com o seu corpo, que não é você. O seu corpo humano não é realmente seu. Não importa qual seja a sua aparência particular, seja você saudável ou enfermo, seja você bonito ou não, seja você negro ou branco, ou o que for. Tudo é não-self. É a isso que chamamos de anatta, que os corpos humanos pertencem à natureza, que eles seguem as leis da natureza: nascem, crescem, envelhecem e morrem.

Ajahn Sumedho

Foto: Chris Jarvis

Ajahn Sumedho: tédio

Nós nunca realmente aceitamos o tédio como um estado consciente. Assim que ele vem à mente, começamos a procurar algo interessante ou prazeroso. Mas, na meditação, permitimos que o tédio se instale. Permitimos a nós mesmos estar total e conscientemente entediados, totalmente deprimidos, de saco cheio, enciumados, irritados, enojados. Começamos a aceitar na consciência todas as experiências desagradáveis da vida, que antes reprimíamos, nunca de fato olhávamos, nunca aceitávamos — essas experiências não são vistas mais como problemas, mas de forma compassiva. A partir da bondade e da sabedoria, permitimos que as coisas tomem seu curso natural até a cessação, em vez de mantê-las girando nos antigos ciclos do hábito. Se não conseguimos deixar com que as coisas tomem seu curso natural, então estamos o tempo todo controlando, sempre pegos em algum hábito mental inconveniente. Quando estamos entediados e deprimidos, somos incapazes de apreciar a beleza das coisas, pois não conseguimos enxergá-las tais quais elas realmente são.

Ajahn Sumedho, em Now Is the Knowing

Foto: Nguyen Thu Hoai

Ajahn Sumedho: esforço correto

Com o Esforço Correto, pode haver uma aceitação calma a uma situação, em vez do pânico causado por pensar que cabe a mim fazer com que tudo fique certo, corrigir tudo e resolver os problemas de todo mundo. Fazemos o melhor que podemos, mas também nos damos conta de que não cabe a nós fazer tudo e corrigir tudo. (…) Algumas situações na nossa vida são simplesmente como são. Não há nada que se possa fazer, então permitimos que elas sejam como são; ainda que elas piorem, deixamos que piorem. Isso não é fatalista ou negativo; é uma espécie de paciência – estar disposto a suportar algo; permitindo que a mudança natural ocorra em vez de tentar egoisticamente consertar ou arrumar tudo a partir da nossa aversão pela desorganização.

Ajahn Sumedho

Foto: Nadiia Ploshchenko

Ajahn Sumedho: apego aos ideais

Nosso sofrimento vem do apego que temos com ideais, e da forma complexa que criamos a respeito de como as coisas são. Nunca somos o que devemos ser de acordo com nossos ideais mais altos. A vida, os outros, o país em que vivemos, o mundo em que vivemos – as coisas nunca parecem ser o que deveriam. Tornamo-nos muito críticos de tudo e de nós mesmos: “eu sei que deveria ser mais paciente, mas eu não consigo ser paciente”… Veja todos os “devos” e “não devos” e os desejos: querer o agradável, querer se tornar algo ou se livrar do feio e do doloroso. É como se houvesse alguém atrás da cerca dizendo, “eu quero isto e não gosto daquilo”. As coisas devem ser deste jeito e não daquele jeito.” Use seu tempo para ouvir a mente reclamando; traga-a para a consciência.

Ajahn Sumedho

Foto: Mick Haupt

Ajahn Sumedho: prisão no passado

Quantas vezes você tem que sentir culpa pelo seu aborto ou pelos erros que você cometeu no passado? Você tem que passar todo o seu tempo regurgitando as coisas que aconteceram na sua vida e mergulhando em análises e especulações sem fim? Algumas pessoas se fazem tão complicadas. Se você ceder às suas memórias, visões e opiniões sem fazer mais nada, então você ficará para sempre preso(a) neste mundo e nunca o transcenderá. (…) Você pode abandonar esse fardo se usar os ensinamentos de maneira hábil. Diga a si mesmo(a): “Não vou me deixar ser pego por isso novamente; recuso-me a participar desse jogo. Não vou ceder a esse humor.” Comece a se colocar na posição de saber: “eu sei que isso é dukkha; há a presença de dukkha.”

Ajahn Sumedho

Foto: Krišjānis Kazaks

Ajahn Sumedho: As coisas são como são

Não precisamos criar problemas – tanto sobre estarmos em uma estação suja de metrô ou sobre estarmos olhando para uma bela paisagem. As coisas são como são, então podemos reconhecê-las e apreciá-las na sua forma impermanente, sem anseios. Anseio significa querer manter algo de que gostamos; querer se livrar de algo de que não gostamos; ou querer conseguir algo que não temos.

Ajahn Sumedho — The Four Noble Truths

Foto: Adi Goldstein

Ajahn Sumedho: O laço do sofrimento

Se você quiser matar alguém, você tem que transformá-los; você não pode matar alguém percebendo que ele sofre como você. Você precisa pensar que eles são frios, imorais, sem valor e maus, e que é melhor se livrar deles. Você precisa pensar que eles são maldosos e que é melhor se livrar deles. Você tem que pensar que eles são maldosos e que é bom se livrar do mal. Com esta atitude, você pode achar justificado bombardear ou metralhar essas pessoas. Mas, se você tiver em mente o nosso laço comum de sofrimento, isso tornará você incapaz de fazer essas coisas.

Ajahn Sumedho – The Four Noble Truths

Foto: Boris Smokrovic