Bhikkhu Bodhi: meditação na respiração

A meditação não requer nenhuma sofisticação intelectual, apenas atenção à respiração. Apenas se respira naturalmente pelo nariz, focando a atenção na respiração nas narinas ou no lábio superior, onde a sensação da respiração pode ser sentida conforme o ar entra e sair. Não se deve tentar controlar a respiração ou forçá-la a acontecer em ritmos predeterminados, e sim apenas contemplar conscientemente o processo natural de inspirar e expirar. Ficar atento à respiração corta através da complexidade do pensamento discursivo, nos resgata do errar sem rumo no labirinto de imaginações vãs e nos situa solidamente no presente. Pois quando estamos conscientes da respiração, realmente atentos a ela, podemos estar conscientes dela apenas no presente, nunca no passado ou no futuro.

Bhikkhu Bodhi

Foto: C Dustin

Bhikkhu Bodhi: libertar-se das amarras do desejo

Uma pessoa pode entender a necessidade da renúncia, pode querer deixar o apego para trás, mas na hora h a mente retrocede e continua a se mover em função dos seus desejos. O problema, então, é como se libertar das amarras do desejo. O Buda não oferece, como solução, o método da repressão — a tentativa de afastar o desejo com uma mente cheia de medo e repugnância. Essa abordagem não resolve o problema, apenas o empurra para baixo da superfície, onde ele continua a existir. A ferramenta que o Buda sugere para livrar a mente do apego é a compreensão. A renúncia verdadeira não se dá por nos compelirmos a abandonar as coisas que no fundo ainda desejamos, mas por mudar a perspectiva sobre elas, de forma que elas não nos prendam mais. Quando entendemos a natureza do desejo, quando a investigamos de perto com atenção, o desejo desaparece sozinho, sem a necessidade de esforço.

Bhikkhu Bodhi

Foto: Olivier Graziano

Bhikkhu Boddhi: renúncia

O Buda não sugere que todos deixem suas vidas domésticas para tornarem-se monges ou pede a seus seguidores que descartem todos os prazeres sensoriais de imediato. O grau em que uma pessoa renuncia depende da sua disposição e situação. Mas o que permanece como um princípio guia é: atingir a libertação requer a erradicação completa do apego e o progresso ao longo do caminho é acelerado na medida em que se supera o apego.

Bhikkhu Boddhi

Foto: Nicolas Häns

Bhikkhu Bodhi: desejo e impermanência

No momento em que surge, o desejo cria em nós um senso de falta, a dor do querer. Para acabar com essa dor nos esforçamos para satisfazer o desejo. Se o nosso esforço não é bem sucedido, experimentamos frustração, desapontamento, às vezes desespero. Mas mesmo o prazer do sucesso não é pleno. Nos preocupamos em perder aquilo que conseguimos. Sentimo-nos completos a garantir nossa posição, ganhar mais, subir mais, controlar mais. As demandas do desejo parecem não ter fim, e cada desejo demanda o eterno: queremos que as coisas que conseguimos durem para sempre. Mas todos os objetos do desejo são impermanentes.

Bhikkhu Bodhi: The Noble Eightfold Path

Foto: Mick Haupt