Heródoto Barbeiro: quem dá é que deve ficar grato

O mestre Seistsu precisava de acomodações maio­res, uma vez que o prédio no qual ensinava estava su­perlotado. Umezu, um comerciante, decidiu doar 500 pe­ças de ouro para a construção de um novo edifício. Umezu levou o dinheiro ao instrutor e Seistsu lhe disse: “Está bem, eu o aceito”. Umezu deu-lhe o saco de ouro, mas ficou aborrecido com a atitude do Instrutor, pois dera uma quantia alta. Uma pessoa poderia viver o ano inteiro com três pe­ças de ouro e o Instrutor nem sequer lhe agradecera. “Neste saco há 500 peças de ouro”, insinuou Umezu. “Você já disse isso antes”, disse Seistsu. “Até mesmo para mim, que sou um rico comerciante, 500 peças de ouro é muito dinheiro”, disse Umezu. “Você quer que eu lhe agradeça por isso?”, disse Seistsu. “Deveria”, respondeu Umezu. “Por que deveria?”, perguntou Seistsu. “Quem dá é que deve ficar grato.”

Heródoto Barbeiro, em Buda: O mito e a realidade

Foto: Sharon McCutcheon

Heródoto Barbeiro: aprender sobre si

O mestre Doguem dizia que aprender o caminho de Buda é aprender sobre si. Aprender sobre si mesmo é esquecer de si. Esquecer-se de si é estar iluminado por todas as coisas do mundo. Estar iluminado por todas as coisas do mundo é prescindir do corpo e da mente próprios. Para tentar pôr em prática o ensinamento de Doguem, deve-se preservar o silêncio. A fala do mestre é um encadeamento lógico e seguir adiante trará o entendimento de que a existência humana não passa de miséria. Isso reforça a ideia de que a vida não pode ser modificada apenas ao sabor de nossa vontade. Desrespeitar essa regra proporciona um descompasso entre o que desejamos e o que vivemos de fato; ou melhor, geramos o sofrimento.

Heródoto Barbeiro, em Buda: O Mito e a Realidade

Foto: Zheka Kapusta