Peter Brown: situação indescritível

Nossa verdadeira situação é indescritível, mesmo SENDO ela e nada mais. Essa indescritibilidade é um dos fatos que perpetuam sua obscuridade para as pessoas. Se fosse prontamente descritível, então aqueles que a entender poderiam apenas descrevê-la para quem não entende, removendo a sua confusão. Mas não é o caso.

{A razão pela qual ela é indescritível se deve à sua natureza. Nossa situação verdadeira é infinita, aberta, inerentemente subjetiva (em que não há condições objetivas fixas e estáveis que possam ser delineadas), indefinível em termos racionais e inalcançáveis como pontos de referência, condições ou objetos específicos, dos quais se poder derivar alguma orientação. Com esse fato em vista, como tentar comunicá-la usando palavras finitas para aqueles que estão confusos sobre sua verdadeira natureza? A descrição aparenta ser tão confusa como nossa incompreensão do que é visto, talvez até MAIS.}

E esse é o xis da questão; é exatamente PORQUE a natureza verdadeira da nossa situação é tão indefinível que somos motivados a fabricar modelos e descrições simplificados, compreensíveis, estáveis, finitos e racionais de nós mesmos e do mundo, para nos dar um senso (ainda que falso) de segurança no meio do aparente caos. Então, essas crenças fabricadas sobre a nossa situação se tornam exatamente aquilo que mais nos impede de enxergar o verdadeiro estado de coisas como ele é.

Peter Brown em Dirty Enlightenment

Foto: Johannes Plenio

Peter Brown: não há caminho

Como a consciência pode dar o salto não-salto da confusão para a visão esclarecida? por si mesma
Felizmente, ela faz isso por si só, motivada pela sua natureza inerente. Na verdade, até que a nossa consciência motive internamente esse salto para ver, não há absolutamente NADA que “nós” possamos FAZER para que isso aconteça. Ponto. Então, NÃO HÁ CAMINHO.

Peter Brown em Dirty Elightenment

Foto: Vincent van Zalinge