Peter D. Santina: purificação

Foi dito uma vez que se tivéssemos que cobrir toda a superfície da Terra com couro para impedir que cortássemos nossos pés com pedras e galhos, a tarefa seria muito trabalhosa. Porém, se cobrirmos apenas a superfície dos nossos pés com couro, é como se toda a Terra estivesse coberta com couro. Da mesma forma, se tivéssemos que purificar todo universo da ganância, raiva e ignorância, essa seria uma tarefa muito difícil. Mas simplesmente purificando nossa própria mente de ganância, raiva e ignorância, é como se todo o universo estivesse purificado dessas máculas.

Peter D. Santina em Fundamentals of Buddhism

Foto: Jake Hills

Peter D. Santina: a lembrança da morte

É dito que a lembrança da morte é, em especial, uma amiga e mestra para aquele que quer praticar o Darma. Lembrar da morte age como um desencorajador para o apego e a má-vontade excessivos. Quantas disputas, discordâncias fúteis, grandes ambições e inimizades não se tornam insignificantes quando se reconhece a inevitabilidade da morte? Através dos séculos, professores budistas têm encorajado os praticantes sinceros do Darma a lembrarem-se da morte, a lembrarem-se da impermanência desta personalidade. Há alguns anos, eu tive um amigo que foi para a Índia para estudar meditação. Ele se aproximou de um mestre budista muito renomado e sábio e pediu algumas instruções sobre meditação. O mestre estava relutante em orientá-lo porque não estava confiante da sua sinceridade. Meu amigo insistiu várias vezes. Finalmente, o mestre lhe disse para retornar no dia seguinte. Cheio de expectativa, meu amigo foi vê-lo conforme combinado. O mestre lhe disse: “Você vai morrer; medite sobre isso.”

Peter D. Santina

Foto: Rubén Bagüés

Peter D. Santina: Self impermanente

Basicamente, a ignorância é a ideia de um self permanente e independente. É essa concepção de um “eu” oposto e separado das pessoas e coisas à nossa volta. Uma vez que temos a noção de “eu”, temos uma inclinação a favorecer as coisas que sustentam esse “eu” e rejeitar as coisas que ameaçam esse “eu”. (…) Ignorância é desconhecer que o chamado “eu”, o self, é apenas um nome conveniente para um conjunto de fatores dependentes, contingentes e em constante mudança. Existe uma floresta separada das árvores? O “eu” é apenas um nome conveniente para um conjunto de processos.

Peter D. Santina

Foto: Thomas Oxford

Peter D. Santina: a ânsia pela satisfação

Buda ensinou que o apego ou desejo (Trishna ou Raga) é uma grande causa de sofrimento – ânsia por experiências prazerosas, coisas materiais, vida eterna e morte eterna. Todos gostamos de boa comida, boa música, companhia agradável. Gostamos dessas coisas e queremos mais. Tentamos prolongar essas experiências prazerosas. Tentamos conseguir mais desses prazeres. E, de alguma forma, nunca estamos completamente satisfeitos. Podemos descobrir que gostamos de um certo tipo de comida e ao comermos várias e várias vezes, ela acaba perdendo a graça. Tentamos outro tipo de comida. Nós gostamos, aproveitamos e de novo nos desinteressamos. Continuamos procurando por outra coisa. Cansamos da nossa música favorita, dos nossos amigos. Procuramos por mais e mais. Algumas vezes essa busca por experiências prazerosas leva para comportamentos extremamente negativos, como alcoolismo e vício em drogas. Tudo isso vem da ânsia por satisfazer nossos desejos por experiências prazerosas. Dizem que tentar satisfazer o desejo por experiências prazerosas é como tentar matar a sede bebendo água salgada.

Peter D. Santina: Fundamentals of Buddhism

Foto: Frank Mckenna

Peter D. Santina: impermanência e sofrimento

Na nossa ignorância da natureza real das coisas, desejamos e nos apegamos a objetos na esperança desesperada de que eles possam ser permanentes, de que eles possam garantir felicidade permanente. Sem entender que a juventude, a saúde e mesmo a vida são impermanentes, nos apegamos e nos amarramos a elas. Quando buscamos prolongar a nossa juventude e a nossa vida elas escapam entre nossos dedos como areia, já que são impermanentes por natureza. Quando isso acontece, a impermanência é uma ocasião para o sofrimento.

Peter D. Santina: Fundamentals of Buddhism

Foto: Hassan Ouajbir